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Jornalista Carlos Chagas |
CARLOS CHAGAS (Diário do Poder)
De que o governo Dilma é um
desastre, ninguém duvida. A vida de todos ficou pior, nos últimos meses, com
desemprego crescente, custo de vida em ascensão, tarifas de serviços públicos e
privados mais altas, inflação, redução de direitos trabalhistas, educação e
saúde públicas no fundo do poço, naufrágio da pequena e média empresas e, acima
de tudo, corrupção desvairada.
No entanto... No entanto, alguém
viu um favelado, dos milhões espalhados pelo Rio de Janeiro, participando das
manifestações de protesto contra o governo, ontem, na Avenida Atlântica? Em São
Paulo, algum operário em protesto desfilou pela Avenida Paulista? Em Recife,
camponeses ocuparam as margens do Capiberibe e do Beberibe?
Assim no resto do país, do
interior de São Paulo às cidades do Nordeste, do Amazonas às fronteiras do Sul.
Quem ocupou as ruas foi a classe
média. Gente bem vestida, mesmo sem paletó e gravata, como ninguém mais usa,
senão de calções e camisetas da moda, coloridas, e pimpolhos bem alimentados,
pela mão. Foram milhares, é claro, acolitados por carros de som e empunhando
faixas e cartazes numa justa crítica à administração exangue e falida.
Mas povão, mesmo, zero. O país
pobre, majoritário, ficou em casa, se é que tem casa, tanto faz se lhe faltando
ânimo para pagar a passagem de ônibus e metrô para os centros urbanos e a orla
marítima, ou por falta de motivação para aliar-se à classe média.
Por tudo isso, Dilma perdeu, já
que a classe média forma a opinião pública e a opinião publicada, mas Dilma
também ganhou, pois as manifestações de ontem não abalaram sua permanência no
poder. Terão incomodado, apenas.
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