![]() |
Senador Aécio Neves e a ex-presidente Dilma |
Sem alarde, Dilma Rousseff
discute com amigos um novo projeto: a reinvenção de sua carreira política. Numa
conversa recente, admitiu candidatar-se ao Senado em 2018. Só não soube dizer
por qual Estado. Mora no Rio Grande do Sul e nasceu em Minas Gerais. Mas
discutiu a sério a hipótese de disputar a vaga de senadora pelo Piauí, Estado
governado pelo petista Wellington Dias.
Não foi a primeira vez que o
Piauí entrou no radar de Dilma. A cogitação nascera há coisa de cinco meses.
Causara certo desassossego no petismo piauiense, forçando o governador a negar
que estivesse negociando com Dilma a transferência do domicílio eleitoral dela
de Porto Alegre para Teresina. A novidade é que a ex-presidente voltou a falar
sobre o assunto.
No Rio Grande do Sul, Dilma foi
ignorada pelo seu partido. Ali, o PT já escolheu o senador Paulo Paim como
candidato à reeleição para o Senado. Confirmando-se a intenção da presidente
deposta de retornar às urnas, será uma pena se ela for pedir votos à clientela
do Bolsa Família no Piauí. O país perderá a chance de assistir a um novo embate
de madame com Aécio Neves, pois o senador tucano revela-se disposto a pleitear
junto ao eleitorado mineiro a renovação do mandato.
Em 2012, quando Dilma participou
da mal sucedida campanha do petista Patrus Ananias à prefeitura de Belo
Horizonte, Aécio fustigou-a. Disse que os eleitores mineiros conheciam melhor a
sua capital do que “qualquer estrangeiro.” Tratada como forasteira, Dilma
reagiu. Caprichando na ironia, sapecou:
''Nasci aqui em Belo Horizonte,
no hospital São Lucas. Saí daqui para lutar contra a ditadura, e não para ir à
praia. […] Aqui na minha veia corre o sangue de Minas Gerais, por isso sou
presidente de todos os brasileiros.'' A alusão à “praia” não foi gratuita. O
mineiro Aécio é conhecido pelo apreço que devota ao Rio de Janeiro.
Num novo enfrentamento, Dilma e
Aécio poderiam trocar de assunto: em vez do debate sobre certidões de
nascimento, discutiriam o prontuário um do outro. Ela tornou-se um inquérito
esperando na fila da Lava Jato para acontecer. Ele virou um colecionador de
processos criminais. Por ora, soma nove.
Uma eventual fuga para o Piauí
não faria jus à fama de valentona de Dilma. Mal comparando, a intrépida
presidente deposta ficaria muito parecida com José Sarney. Oligarca do Maranhão,
Sarney elegeu-se senador pelo Amapá depois que deixou a Presidência da
República.
0 Comentários