Deputado estadual é detido quando participava de festa em Niterói

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PMs acusaram Gustavo Schmidt (PSL) de agressão e o levaram para a 76a DP (Centro); parlamentar nega a acusação

Ana Carolina Torres e Flávio Freire, de O Globo


O deputado estadual Gustavo Schmidt (PSL) foi detido após confusão em festa Foto: Reprodução

RIO - O deputado estadual Gustavo Schmidt (PSL) foi detido, na madrugada desta sexta-feira, quando participava de uma festa num condomínio em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, município da Região Metropolitana do Rio. Ele foi acusado de agredir um cabo e um sargento do 12º BPM (Niterói). Levado para a 76ª DP (Centro), ele teria também desacatado uma delegada. O parlamentar, no entanto, nega as acusações.

Os moradores do condomínio se incomodaram com o barulho da festa e chamaram a PM. Quando chegaram ao local, os policiais viram que Gustavo era um dos 20 convidados. Segundo os agentes, eles foram agredidos pelo deputado e um deles teria tido os óculos quebrados.

Um vídeo obtido pelo GLOBO mostra o momento em que Gustavo chega à delegacia vestindo bermuda estampada, camisa branca e descalço. Ele está com as mãos para trás, contidas por algemas descartáveis, e, em determinado momento, tenta dar uma cabeçada num dos PMs, que o contém. Ao ser colocado numa cadeira, ele novamente reage, jogando-a no chão.

Neste momento, o autor da filmagem afirma que Gustavo age assim por "ser deputado" e que, pelo cargo, "acha que pode destratar trabalhador". O homem ainda o acusa de estar "quebrando a delegacia". Novamente contido, o parlamentar é colocado em outra cadeira. Um PM está com a mão apoiada em suas costas e Gustavo diz:

– Tira a mão de mim, por favor – pede o deputado. 

Um policial civil se aproxima e o deputado pede que a algema seja retirada. O agente pede para que Gustavo novamente se sente.

A equipe do "Bom Dia Rio" conversou com o parlamentar, que já foi liberado. Ele negou ter agredido os PMs. Alegou ter agido em legítima defesa, após ter sido agredido, e disse ainda que foi ameaçado na viatura, durante o trajeto até a delegacia. Gustavo afirmou que vai procurar os secretários das polícias Civil e Militar para falar sobre o episódio. Em nota, a PM informou que recebeu várias denúncias de moradores sobre a festa com aglomeração de pessoas, o que está proibido por causa da pandemia do coronavírus.

Outras confusões


Deputado estadual Gustavo Schmidt (PSL-RJ)  Foto: Divulgação

Não é a primeira vez que o deputado estadual se envolve em um escândalo. O niteroiense de 33 anos foi acusado, em fevereiro deste ano, de alugar um imóvel em Nilópolis, na Baixada Fluminense, com dinheiro público, que servia de gabinete de apoio fora da Alerj para o pré-candidato à prefeitura daquele município Wander Oliveira (sem partido), como denunciou a TV Globo. O caso ainda está sendo investigado pela assembleia.

Ano passado, a confusão aconteceu num quiosque de Camboinhas. Vizinhos chamaram a polícia por causa do barulho e, segundo fontes do bairro, tentou dar uma "carteirada".



Pedido de ingressos para jogo do Flamengo feito pelo deputado estadual Gustavo Schmidt Foto: Reprodução


Também no ano passado, o jornalista Ancelmo Góis publicou em sua coluna no GLOBO o pedido de Gustavo Schmidt à Secretaria estadual de Esportes para que o órgão lhe concedesse 10 ingressos para o jogo entre o Flamengo e Emelec, no Maracanã, pela Libertadores. Naquele momento, já não havia mais ingressos à venda disponíveis.

"Senhor secretário, venho por meio deste solicitar respeitosamente à VSa a concessão de 10 ingressos para o jogo Flamengo vs Emelec no estádio do Maracanã, quarta-feira, 31 de julho de 2019, às 21h30m pela Copa Libertadores das Américas 2019.

Sem mais, apresento à V.Sa protestos de elevada consideração e estima".

Amigo de um deputado federal de Niterói, Schmidt entrou na política na onda bolsonarista, na época em que Jair Bolsonaro era do PSL. Depois de muitas confusões políticas e com a polícia, amigo decidiu se afastar de Gustavo. Ainda assim, um dos objetivos políticos de Gustavo Schmidt é concorrer à prefeitura de Niterói.

Durante a campanha eleitoral, ele declarou que uma de suas bandeiras era impedir exposições de cunho LGBT patrocinadas pelo Estado. Também afirmou ser a favor do projeto "Escola sem partido". Desde que assumiu o cargo, Schmidt faltou a 13 sessões deliberativas na Alerj, segundo consta nas listas de presença da Casa, sendo assim um dos deputados mais faltosos.

Apesar de ser niteroiense, a maior parte dos 34.869 votos obtidos nas eleições de 2018 veio de eleitores do município do Rio de Janeiro, onde teve 10.887. Em Niterói, ele recebeu 8.943 votos. O único município do Rio onde o deputado não teve votos foi Comendador Levy Gasparian.

De fevereiro a dezembro de 2019, seu primeiro ano de mandato, o parlamentar contabiliza 13 faltas. Nos meses de março, setembro e outubro, foram seis faltas, duas em cada mês, de acordo com o portal da transparência da Alerj. 

Nos outros meses, o deputado somou uma falta em cada um deles. Este ano, o mês de fevereiro não mostra ausência do parlamentar.

Apesar de ser niteroiense, a maior parte dos 34.869 votos obtidos nas eleições de 2018 veio de eleitores do município do Rio de Janeiro, onde teve 10.887. Em Niterói, ele recebeu 8.943 votos. O único município do Rio onde o deputado não teve votos foi Comendador Levy Gasparian.

Em nota, o PSL disse que aguarda as investigações do caso e não compactua com nenhum tipo de ilegalidade:

"O PSL tem como premissa apoiar de forma veemente a atuação das Forças de Segurança Pública. O Partido afirma ainda que não compactua com nenhum tipo de ilegalidade, e irregularidade, e vai aguardar a finalização das investigações em curso”.

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