Paulo Guedes Foto: Isaac Nóbrega/PR |
O Ministério da Economia estuda aprimorar e simplificar o lay-off, instrumento que já existe e pelo qual as empresas em momentos de crise podem suspender o contrato de trabalho por até cinco meses, enquanto os trabalhadores receberiam o seguro-desemprego.
Essa é uma das alternativas em estudo pela equipe econômica para substituir o Programa de Preservação do Emprego e Renda, criado pelo governo e considerado um dos mais bem-sucedidos entre as medidas de enfrentamento da primeira onda da covid-19. Nesse programa, era possível firmar acordos de redução de jornada e salário ou suspensão de contrato, mediante uma compensação paga pelo governo, o chamado benefício emergencial (Bem).
Não está descartada a possibilidade de renovação do BEm, mas o Ministério da Economia montou um grupo de trabalho que estuda outras alternativas para tentar contornar a restrição fiscal. A edição de 2020 do programa foi feita com base no estado de calamidade pública e no orçamento de guerra, que retirou as amarras fiscais do Orçamento para abrir caminho aos gastos da crise. Ambos perderam efeito em 31 de dezembro de 2020.
Nesta quarta-feira, 27, o presidente Jair Bolsonaro levou a tiracolo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, até o gabinete do ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar uma solução. Na saída, Bolsonaro prometeu uma resposta em até 15 dias sobre a possibilidade de nova ajuda ao setor. Ele pregou que as cidades não decretem novas restrições de circulação.
Restrições
"Tem um Estado que ao fechar tudo a partir das 20h e sábado e domingo, também, atinge diretamente o coração de garçons, donos de bares e de eventos, bem como o mesmo problema está acontecendo na capital BH (Belo Horizonte)", disse Bolsonaro. O governo paulista reagiu e, em nota, disse esperar que o presidente "pare de sabotar publicamente as medidas restritivas" para conter a pandemia.
Segundo as fontes envolvidas nas negociações, não é intenção da equipe econômica fazer programas setoriais. O que for feito será para todas as empresas.
Presente na reunião com Guedes e Bolsonaro, Solmucci explicou ao Estadão/Broadcast que dois terços das empresas do setor de bares e restaurantes estão com dificuldades para pagar tributos, e a maioria teme não ter dinheiro para começar a pagar este ano os empréstimos subsidiados contratados no ano passado, no auge da crise. Ter de pagar salários a funcionários que não estão conseguindo trabalhar sua carga horária plena seria a pá de cal na sobrevivência desses negócios.
O economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, aposta que o governo vai renovar o BEm "Se continuar como está, com o comércio fechando em alguns lugares, como em São Paulo", disse. Segundo ele, o Brasil ainda precisa do programa de manutenção do emprego diante do cenário de recrudescimento da pandemia. Para ele, o fim do BEm coincidiu com perspectivas negativas para o PIB no primeiro trimestre de 2021. Com esse cenário e sem o auxílio emergencial, Freitas defende o programa para minimizar o desemprego.
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