O Planalto sabia de tudo
Ricardo Noblat
Os trechos mais quentes da
reportagem de VEJA deste fim de semana sobre as confissões à Justiça do doleiro
Alberto Youssef, um dos cabeças do esquema de corrupção na Petrobras:
• — O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? —
perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o
doleiro.
• Na semana passada ele aumentou
de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se
valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos
investigadores Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de
visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em
bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações
tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro
quando os envolvidos precisassem.
• Entre as muitas outras
histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a
determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua
relevância para a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas
entre Lula e Paulo Roberto Costa sobre a ampliação dos “serviços”, antes
prestados apenas ao PP, também em benefício do PT e do PMDB.
• “O Vaccari está enterrado”,
comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o doleiro já narrou sobre
sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se
comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a
Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a
partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e
uma empresa de fachada criada por Vaccari.
• O doleiro preso disse que as
provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de
10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse
tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está à prova de uma das
revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos
investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido
em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a dar à PF a localização, o número
e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.
• Youssef dirá que um integrante
da coordenação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de
“Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto:
repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na campanha presidencial de
Dilma Rousseff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o
encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia
Federal em Curitiba.
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Alberto Youssef (Imagem: Aniele Nascimento / Agência de Notícias G/AE) |
Humor: A charge de Chico Caruso
(O Globo)
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A charge do Chico Caruso de O Globo |
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