G1 MA
Justiça prorrogou por mais dez
dias as prisões temporárias do prefeito de Bacuri (MA) Richard Nixon (PMDB); do
prefeito e do ex-prefeito de Marajá do Sena (MA) Edvan Costa (PMN) e Perachi
Farias, respectivamente; do ex-prefeito de Zé Doca (MA) Raimundo Nonato
Sampaio, o Natim; do empresário Josival Cavalcanti, o Pacovan; e do contador
municipal José Epitácio Muniz, o Cafeteira. Eles foram detidos nas operações
"Maharaja" e "Morta Viva", realizadas no dia 4 de maio pela
Polícia Civil, que investigam crimes de agiotagem nas cidades citadas, no
Maranhão. A informação foi divulgada pela Superintendência Estadual de
Investigações Criminais (Seic).
Rui Clemêncio Barbosa e Francisco
Jesus Silva Soares, que haviam sido conduzidos coercitivamente, foram liberados
após coleta de depoimentos.
Segundo o delegado-geral Augusto
Barros, a renovação das prisões temporárias foi solitictada pela polícia e pelo
Ministério Público.
"Desta forma, asseguramos
produção da prova sem interferência negativa dos investigados, permitindo novas
reinquirições à medida que os interrogatórios são confrontados com outras
provas apreendidas e com as informações obtidas a partir da quebra de
sigilos", disse.
O delegado Roberto Fortes, que
está à frente das operações, afirmou que a movimentação financeira da
organização é intensa. "Somente na casa do Pacovan, foi aprendido um
cheque no valor de R$ 800 mil, sem contar o montante em torno de R$ 7 milhões
depositados nas contas de pessoa física e jurídica do agiota", informou.
O Tribunal de Justiça do Maranhão
(TJ-MA) já havia acatado o pedido de Ministério Público (MP-MA) e da Polícia
Civil para bloquear R$ 7 milhões de contas bancárias ligadas a Pacovan.
Agiotagem
Segundo a Secretaria Estadual de
Segurança Pública (SSP-MA), as investigações sobre Josival Cavalcanti, o
Pacovan, apontam que ele utilizava empresas em nomes de terceiros para se
favorecer com negócios em diversas atividades nas prefeituras, como fornecimento
de merenda escolar, de medicamentos e material escolar e também em obras.
Nas buscas no escritório de
Pacovan, na Ceasa, foram apreendidos cartões e declarações de imposto de renda
das pessoas utilizadas para abertura de empresas. Um detalhe é que o endereço
dessas pessoas informado à Receita Federal é o mesmo de Josival Cavalcanti.
O depoimento do contador José
Epitácio Muniz reforça a atuação do esquema criminoso por meio de
"empresas laranjas" em contratos com as prefeituras. Muniz confessou
ter criado pelo menos quatro empresas para o esquema. Dependendo da área de
atuação, existiam "pastas" prontas para utilização nos negócios, como
merenda escolar, na educação, na saúde e obras.
As investigações apontam que Rui
Clemêncio e o irmão dele, Fábio Muniz, atuavam juntamente com Francisco Soares,
que é dono da distribuidora de medicamentos " Disprofar", aberta em
nome de pessoa já falecida. Os irmãos Rui e Fábio são também donos das empresas
"Terra Maranhão" e "JS Silva" que, conforme as
investigações, foram abertas em nome de Marly Nascimento, falecida em 2009,
vítima de câncer.
Outras operações
No dia 31 de março, foi presa a
ex-prefeita de Dom Pedro (MA) Maria Arlene Barros. Segundo a polícia, mais de
R$ 5 milhões foram desviados da prefeitura entre 2009 e 2012. A suspeita é que
o esquema teria desviado um total de R$ 100 milhões de 42 prefeituras do
Maranhão.
No dia 1º, Eduardo Costa Barros,
filho da ex-prefeita mais conhecido como "Eduardo Imperador", se
apresentou na sede da Superintendência Estadual de Investigações Criminais
(Seic).
Segundo a polícia, em nome de
Eduardo e de pessoas ligadas a ele, existem, pelo menos, dez empresas, a
maioria no ramo de construção civil e locação de máquina. As empresas seriam
usadas para fraudar licitações e desviar dinheiro da prefeitura de Dom Pedro.
Eduardo nega que tenha tantas empresas e que tenha sido beneficiado. Os dois
foram liberados seis dias após a prisão.
Entenda
As operações "Morta
Viva" e "Maharaja", assim como a
"Imperador", são desdobramentos da "Operação
Detonando", realizada em 2012 após o assassinato do jornalista Décio Sá.
Na ação, foram presos os empresários Gláucio Alencar e José Miranda, pai e
filho acusados de mandar matar o repórter e de comandar um esquema de agiotagem
no Estado.
Na época, a polícia descobriu que
o que motivou o assassinato foi uma postagem, no "Blog do Décio",
referente à morte do agiota Fábio Brasil, no Piauí. Na operação, foram
apreendidos carros de luxo, máquinas pesadas como tratores, documentos e
descoberta uma conta com saldo de mais de R$ 5 milhões.
Comentários