CORAGEM, DETERMINAÇÃO E AMIGOS
José Reinaldo Tavares
O jornalista Benedito Buzar colocou em sua coluna que muita
gente não entendeu a minha baixa votação nas últimas eleições. Mas, não é
difícil de entender. Vamos aos fatos: a minha eleição para o Senado foi montada
em outras premissas. Primeiramente, estava combinada há alguns anos que eu
seria candidato em uma chapa junto com o governador Flávio Dino. Acabou não
dando certo. Eu não era o candidato dele, como ficou evidente.
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José Reinaldo Tavares e Eduardo Braíde |
Depois, eu e amigos discutimos a possibilidade de uma chapa com Eduardo Braide, com base em pesquisas qualitativas. Quase deu certo, despertou enorme curiosidade e simpatia, levando receio do “novo” a outras candidaturas ditas mais fortes. Isso pesou tanto que fez com que Braide não conseguisse um grande partido, com tempo de televisão, levando-o a não querer se arriscar e acabou que ele, no final, preferiu concorrer a deputado federal. Essa foi a decisão dele.
Depois conversei longamente com Roberto Rocha, sugerindo a
ele abraçar a candidatura de Braide no PSDB para depois construir a dele a
governador, já que pelo meu modo de entender o momento não era o ideal para sua
candidatura ao governo do Estado. Ele não aceitou minhas ponderações e manteve
a candidatura. Ali se acabou a chance de termos no Maranhão uma eleição
equilibrada ao Governo e ao Senado. Flávio tem sorte, além de ter tido
competência para manobrar bem a estrutura disponível e não teve problemas para
ganhar e eleger seus candidatos a senador.
Voltando à minha candidatura ao Senado, eu tinha uma chapa
montada, politicamente forte, o que me dava uma chance mínima de ganhar. Mas
eis que na véspera da convenção, Roberto Rocha, com apoio do partido no estado,
resolveu se intrometer em minha chapa, exigindo a retirada do meu primeiro
suplente de Caxias, o jovem, muito capaz, Catulé Junior. Como consequência
inevitável, perdi Caxias, um dos maiores colégios eleitorais do estado que, com
razão, abandonou minha candidatura causando imenso prejuízo político e
eleitoral, influenciando negativamente líderes de outros municípios, tirando
parte da consistência eleitoral da minha candidatura.
Ao final, as candidaturas do PSDB – tanto a de governador,
quanto a de presidente do país – que, naturalmente, seriam puxadoras de voto,
caso tivessem expectativa de vitória, não vingaram, o que jogou por terra as
minhas chances, já que no estado o PSDB ficou isolado, com uma chapa muito
fraca, elegendo apenas um deputado estadual do partido. Madeira, grande líder
do nosso partido, sofreu na carne o isolamento a que foi submetido.
Com poucos recursos, com apenas trinta segundos de televisão
não pude mostrar o muito que fiz pelo Maranhão durante minha vida profissional
e política.
Por fim, quero agradecer aos amigos que me ajudaram a buscar
votos. Esses são verdadeiros amigos, pois mesmo pressionados decidiram ficar
comigo, mesmo conscientes das escassas condições de vitória. São amigos de
verdade, em que posso confiar. Muitos, porém, que sempre estiveram comigo me
viraram as costas. Coisas da vida.
Uma coisa a meu ver marcou esse pleito. Ninguém discutiu os
graves problemas do Maranhão e de sua população. Será que não os conhecem? Nada
têm a propor? A eleição foi feita em cima de slogans, promessas e nada mais.
Passaram por cima dos graves problemas que impedem o nosso desenvolvimento.
Agora, sem Sarney para culpar, terão que trabalhar duro, com
competência, para tirar o Maranhão dos últimos lugares. Caso contrário, como
explicar a nossa situação?
Eu fui uma exceção, neste deserto de ideias. Discuti muito as
soluções para a pobreza, para a educação, para atração de empresas, para o
emprego e o desenvolvimento do estado.
O que se pode esperar? Não sei, sinceramente, me resta torcer
para dar certo. Boa sorte aos eleitos e reeleitos, sinceramente.
Obrigado, meus amigos.
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