Bolsonaro diz que não há divisão entre militares e olavistas no governo: 'Tudo é um time só'

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Nesta segunda, ex-comandante do Exército chamou Olavo de Carvalho de 'Trotsky de direita'. Após ataques ao vice-presidente e militares, ideólogo e escritor mirou ministro Santos Cruz.

Por G1 — Brasília

Presidente Jair Bolsonaro 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na tarde desta segunda-feira (6) após reunião com o ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia que não há divisão entre ala militar e ala de apoiadores do ideólogo Olavo de Carvalho no governo.

“Não existe grupo de militares nem grupo de olavos aqui. Tudo é um time só”, disse o presidente.

Segundo Bolsonaro, há coisas "muito, mas muito mais importantes" para discutir no Brasil.

“O que eu tenho falado é que, de acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. Essa orientação que eu tenho falado", disse.

Mais cedo, o ex-comandante do Exército e atual assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Eduardo Villas Boas, escreveu em uma rede social que o escritor Olavo de Carvalho é um "Trotsky de direita" – intelectual de orientação marxista, Leon Trotsky foi um dos líderes da revolução russa de 1917 e um dos principais responsáveis por implementar o regime comunista naquele país.

Na publicação, Villas Boas reagiu a ataques de Olavo de Carvalho nos últimos dias, nas redes sociais, ao ministro da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

O episódio foi mais um da crise entre dois dos principais grupos dentro do governo: os militares e os seguidores de Carvalho, ideólogo do bolsonarismo e próximo dos filhos de Bolsonaro e do próprio presidente.

Indagado se o ministro Santos Cruz, segue tendo respaldo, Bolsonaro respondeu: "Completamente”. Mais tarde, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, leu uma nota do presidente na qual afirmou que "declarações individuais publicadas nas mais diversas mídias são de exclusiva responsabilidade daqueles que as emitem".

Antes de mirar o ministro, Olavo de Carvalho já havia trocado farpas com o vice-presidente Hamilton Mourão, outro general do Exército, e dirigido ataques à "ala militar" do governo, sem citar nomes específicos.

"Mais uma vez, o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às FFAA [Forças Armadas], demonstrando total falta de princípios básicos de educação, respeito, humildade e modéstia", escreveu Villas Boas.

No último dia 26, o Clube Militar, associação privada que reúne oficiais, divulgou uma nota de desagravo aos militares que fazem parte do governo de Jair Bolsonaro, na qual, sem citar nomes, critica o escritor Olavo de Carvalho. Segundo o texto, assinado pelo coronel Sérgio Paulo Muniz Costa, os militares estão sendo “atingidos pela incontinência verbal que, impune, prospera inexplicavelmente em distintas esferas de poder”.

Para o general Villas Boas, o escritor, que vive nos Estados Unidos, busca "acentuar as divergências" em um momento no qual a sociedade precisa "recuperar a coesão".

"Verdadeiro Trotski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros. Por outro lado, age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade brasileira necessita recuperar a coesão e estruturar um projeto para o país", escreveu o ex-comandante do Exército.

No início do mês passado, Santos Cruz fez críticas ao uso de redes sociais e defendeu "ajuste" na comunicação do governo. Ele afirmou que não se pode conversar somente por meio de redes sociais. "As pessoas precisam conversar, não podem conversar [só] por mídia social, nada substitui a relação pessoal. Apesar de toda facilidade das mídias, não substitui a conversa pessoal", disse o ministro na ocasião.


Bolsonaro cumprimentou Eduardo Villas-Boas no dia em que o general deixou o comando do Exército, em janeiro — Foto: Marcos Corrêa/PR

Neste domingo (6), Santos Cruz se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro na residência oficial do Palácio da Alvorada. O ministro não falou com a imprensa após o encontro.

Villas Boas, que passou o comando do Exército para o general Edson Pujol em janeiro, é um dos interlocutores do presidente no governo. Logo que assumiu a Presidência, Bolsonaro afirmou que o general era um dos responsáveis por ele ter chegado ao Palácio do Planalto.

Em 22 de abril, por meio do porta-voz oficial, Otávio do Rêgo Barros, Bolsonaro afirmou que as declarações de Olavo "não contribuem" para o governo.

"O professor Olavo de Carvalho teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda e que tanto mal fez ao nosso país. Entretanto, suas recentes declarações contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento dos objetivos propostos em nosso projeto de governo", afirmou Bolsonaro na nota lida pelo porta-voz.

Na ocasião, o presidente disse ainda ter "convicção" de que Olavo de Carvalho "está tentando contribuir com a mudança e com o futuro do Brasil".


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