Por Leonardo Lellis, de Veja
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, assiste a cerimônia de
apresentação de credenciais para vários novos diplomatas no Palácio do
Planalto, em Brasília - 04/06/2019 (Adriano Machado/Reuters)
Em discurso na cidade de Parnaíba (PI), onde visita para
inaugurar uma escola que leva o seu nome, o presidente Jair Bolsonaro (PSL)
falou em “varrer” a oposição nas próximas eleições.
“Nas próximas eleições, vamos varrer essa turma vermelha no
Brasil. Já que a Venezuela está bom, vamos mandar essa cambada para lá. Quem
quiser ir um pouquinho mais para o Norte, vai até Cuba”.
Também para atacar a oposição, o presidente voltou a usar de
suas referências escatológicas. “Vamos acabar com o cocô no Brasil”, disse, ao
falar dos “corruptos” e “comunistas”.
A cidade é a segunda maior do Piauí e é administrada pelo
ex-senador Mão Santa, aliado de Bolsonaro. O presidente foi recebido no
aeroporto da cidade em clima de comício eleitoral.
Bolsonaro também recebeu o título de cidadão parnaibano, em
uma solenidade restrita no aeroporto e participará da inauguração de uma
avenida com o nome do ex-presidente João Figueiredo, o último a governar o país
durante a ditadura, entre 1979 e 1985.
A unidade escolar é gerida pelo Sesc e terá padrão militar.
Uma das disciplinas será a de educação moral e cívica, usada oficialmente no
currículo durante a ditadura militar.
Embora Lei 6.454/1977 vede a atribuição de nomes de pessoas
vivas a bens públicos, a escolha do nome não viola a legislação porque o
colégio é mantido por uma instituição privada.
“Como o Sesc é uma instituição privada, do Sistema S, mantida
por seus patronos, ela não se baliza pelas regras do direito administrativo”,
explica Mônica Sapucaia Machado, advogada e professora da Escola de Direito do
Brasil (EDB).
A ida de Bolsonaro ao Piauí será a terceira ao Nordeste em um
mês. Nas últimas semanas, ele participou da inauguração do aeroporto de Vitória
da Conquista (BA) e da primeira etapa de uma usina solar flutuante em
Sobradinho, também na Bahia.
O aceno ao eleitorado nordestino ocorre após o episódio
envolvendo um áudio vazado durante café da manhã com jornalistas estrangeiros,
em que ele se referiu à região como “paraíba”.
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