Justiça Federal concede liberdade provisória ao jornalista Tony Trindade

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O jornalista é suspeito divulgar informações sigilosas aos investigados, colaborando para a destruição de provas e manipulação de depoimentos.

Por Laura Moura, G1 PI


Jornalista Tony Trindade foi preso durante a Operação Acesso Negado — Foto: Reprodução /Facebook

A Justiça Federal concedeu liberdade ao jornalista Tony Trindade, suspeito de monitorar as investigações que culminaram na Operação Delivery e de divulgar informações sigilosas aos investigados, colaborando para a destruição de provas e manipulação de depoimentos. A informação foi confirmada pelo advogado de defesa do comunicador, Lucas Villa Laje.

“Foi concedida a liberdade. Eu estou a caminho da penitenciária para cumprir a decisão”, disse ao G1.

A fiança estipulada pela justiça foi de R$ 3 mil. De acordo com a decisão, a soltura de Tony Trindade não representa risco à ordem pública.


 Justiça Federal revoga prisão do jornalista Tony Trindade — Foto: Reprodução

"Não estão presentes os pressupostos legais para a manutenção da prisão preventiva (art. 312, do CPP), inexistindo elementos que indiquem risco à ordem pública, à instrução processual ou à persecução penal, de forma que a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão constitui alternativa suficiente para preservar o fundamento da prisão preventiva e garantir o prosseguimento do processo criminal", informou o juiz Leonardo Tavares, da 1° Vara Federal Criminal do SJPI.

Tony Trindade foi preso durante a Operação Acesso Negado na terça-feira (18) e, logo depois, foi transferido para a Penitenciária Irmão Guido.

Segundo o delegado Alan Reis, o jornalista teria compartilhado informações sigilosas, o que contribuiu para que os investigados se antecipassem às ações da Polícia Federal, prejudicando o trabalho policial. Segundo o delegado, provas foram destruídas e celulares foram descartados e os depoimentos de investigados eram muito semelhantes.


Polícia Federal faz operação contra tentativas de atrapalhar investigação de desvio de recursos do Fundeb — Foto: Polícia Federal

O acesso às informações sigilosas teria ocorrido por meio eletrônico, e o jornalista precisaria de uma senha de acesso que seria de um agente público. Os policiais investigam ainda quem seria o agente público que teria ajudado o jornalista a ter acesso às informações.

Ainda segundo o delegado Alan Reis, no material arrecadado durante a investigação, os policiais identificaram conversas do jornalista em que ele falaria no que a PF classificou como “atos intimidatórios”, no intuito de minimizar a repercussão das investigações.

Operação Delivery


PF faz buscas na Prefeitura da cidade de União, no Piauí. — Foto: Divulgação/PF-PI

A Operação Delivery foi deflagrada em maio de 2020, com o objetivo de apurar a suspeita de desvio de recursos públicos da educação destinados ao município. Cinco pessoas foram presas, entre empresários, agentes públicos municipais, um vereador da cidade e incluindo o secretário de educação da cidade de União, Marcone Martins, que foi exonerado pela Prefeitura de União.

De acordo com o inquérito policial, a Secretaria de Educação de União teria adquirido livros escolares em quantidade maior que o número de alunos do município, utilizando verbas do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para a contratação de empresas fictícias de Fortaleza, que seriam responsáveis pelo fornecimento fraudulento do material didático.

Ainda segundo a nota, análises da CGU apontaram que os contratos superfaturados utilizados para a obtenção do dinheiro apreendido geraram ao Fundeb prejuízo mínimo de R$ 500 mil.



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