Organizadora de acampamento bolsonarista diz a site que grupo está armado

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Por Erick Mota


Líder do grupo 300 do Brasil, Sara Winter [fotografo] Instagram / Sara Winter [/fotografo]

Acampado nos gramados da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o grupo bolsonarista "300 do Brasil" tem difundido discursos e práticas golpistas de inspiração paramilitar. Nesta terça-feira (12), veio a público a informação, dada por Sara Winter, organizadora dos atos, de que o grupo está armado.

"Em nosso grupo, existem membros que são CACs (Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância", disse Sara à BBC News Brasil. 

Além de ter entre seus membros gente que defende o fechamento do Congresso e do STF, líderes do movimento dizem que um de seus principais objetivos é "exterminar a esquerda".  O grupo, que se organizou por redes sociais e aplicativos de conversa, conta com apoio de parlamentares alinhados ao governo. 

Em decreto publicado no dia 5 de dezembro de 2019, no Diário Oficial da União, ficou permitido aos caçadores a utilização do armamento municiado apenas durante deslocamento para a atividade. Ou seja, se no meio do acampamento 300 do Brasil, existirem caçadores ou colecionadores de armas, com posse de armas de fogo, estes estão incorrendo em crime.

O grupo já é alvo de investigação pela Procuradoria-Geral da República, que respondeu a um pedido de abertura de inquérito por suposta "formação de milícia" apresentado pelos partidos de oposição.

Sara, que confessou que há armas no grupo, rebate as acusações de que há ali uma milícia. "Em todos os nossos comunicados dizemos claramente utilizamos técnicas de ação não violenta e desobediência civil. O que tem a ver ação não violenta com armas? Engraçado como a alcunha de milícia paramilitar foi rapidamente nos atribuída, mas jamais passou perto dos militantes do MST, que carregam armas e facões", disse à BBC.

Ela afirmou para o portal que o grupo é formado por "pais de família, senhoras e jovens unidos, treinados e organizados". 

"[Estamos] preparados para dar a vida pela nação, e nossas armas são a fé em Deus, a esperança neste governo e os métodos de ação não violenta", disse Sara.

O Congresso em Foco tentou contato com a assessoria de Sara Winter para confirmar as informações da entrevista, mas não obteve resposta.

Os intervencionistas

Apesar de nas manifestações do 300 do Brasil sempre haver ataques às instituições como o Legislativo e o Judiciário, além de banners pedindo pelo fechamento de tais poderes, Sara nega que eles queiram inverter a ordem democrática do país. Porém, existe outro grupo bolsonarista que tem essa como sua única bandeira. Conforme o Congresso em Foco mostrou em primeira mão, esse grupo é menor, mas afirma contar um grande apoio de pessoas que chegarão a Brasília a qualquer momento para "dar cabo" do Legislativo e do Judiciário.

Paulo Felipe é o porta-voz de lideranças que ele se nega a revelar a identidade. Em entrevista ao Congresso em Foco, o "Comandante Paulo", como ele é chamado pelos membros do grupo, afirmou que militares da reserva estão com ele nessa missão de inverter a ordem democrática brasileira e que ele é apenas repassa as informações adiante.

Em vídeo publicado na tarde desta terça-feira (12) por Paulo, é possível ver que mesmo diante das matérias do Congresso em Foco e da repercussão que gerou em outros veículos de comunicação, o grupo que quer dar um golpe no país segue acampado em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que é proibido por lei. O governo do Distrito Federal ainda não retirou o grupo de lá. 

Nesta segunda-feira (11), parte dos manifestantes seguia acampada em frente ao STF. A manifestação, apesar de pequena, tinha escolta da Polícia Militar do Distrito Federal.

Bolsonaro e as armas

Conforme o Congresso em Foco mostrou no dia 11 de maio, o presidente Jair Bolsonaro pressionou o Exército para editar a Portaria nº 62, do Comando Logístico do Exército - COLOG, que afrouxa regras de controle de armas e munições no país, e a Portaria Interministerial 1634/2020, que amplia as quantidades máximas de munições que podem ser compradas por cidadãos, policiais e outras categorias.

Em 18 de março de 2020, o Comando Logístico do Exército Brasileiro editou a Portaria nº 46/20, que criou o Sistema de Rastreamento de Produtos Controlados (SisNar). O projeto coloca os fabricantes de Produtos Controlados na obrigação de criar um sistema de tecnologia da informação que imprima uma espécie de QR Code nesses produtos, que deverá ser enviado ao Exército Brasileiro para que realize de maneira eficaz o controle de produtos armamentísticos no país.

Também foi editada a Portarias nº 60/20, que estabelece os Dispositivos de Segurança, Identificação e Marcação de Armas de Fogo Fabricadas no País, Exportadas ou Importadas, de acordo com o previsto na Portaria 46/20, bem como a Portaria nº 61/20, que regula a marcação de embalagens e cartuchos de munição no território nacional, possibilitando seu rastreamento, de acordo com o previsto também na Portaria nº 46/20.

(Com informações do Congresso em Foco


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